Insuficiência cardíaca e doença renal crônica: qual a relação?
A insuficiência cardíaca e a doença renal são duas doenças crônicas que podem estar presentes ao mesmo tempo em um paciente, sendo chamada de síndrome cardiorrenal1, condição que está relacionada a uma maior mortalidade.2 Diante disso, é importante prevenir condições que possam agravar a doença renal crônica e a insuficiência cardíaca.3 Para entender melhor como essas doenças se relacionam, é preciso compreender cada uma delas separadamente.
O que é insuficiência cardíaca?
A insuficiência cardíaca é uma condição em que o coração tem dificuldade para bombear o sangue de forma efetiva para todos os tecidos do corpo, causando danos a outros órgãos (incluindo os rins) e sintomas que impactam consideravelmente a qualidade de vida do paciente.1 Neste sentido, é importante atuar ativamente na prevenção da insuficiência cardíaca e no diagnóstico precoce dessa condição para reduzir as complicações e mortalidade associadas à doença.3
A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) recomenda a todos os pacientes as seguintes medidas preventivas da insuficiência cardíaca:¹
- Cessar o tabagismo;
- Reduzir o consumo excessivo de álcool;
- Tratar corretamente o diabetes, a pressão alta e outras condições de saúde.
A insuficiência cardíaca pode ser causada por uma série de fatores, como:1
- Hipertensão arterial (pressão alta);
- Doenças nas válvulas cardíacas;
- Doença de Chagas;
- Doenças coronarianas, como infarto do miocárdio.
Pacientes com insuficiência cardíaca podem apresentar falta de ar, cansaço e inchaço nas pernas.
O que é doença renal crônica
Na doença renal crônica, os rins perdem a capacidade de filtrar o sangue corretamente e eliminar toxinas e outras substâncias através da urina, sendo que, no paciente com insuficiência cardíaca, isso pode ocorrer (ou ser intensificado) pelo fato de o coração não conseguir enviar sangue adequadamente aos rins.4
O diagnóstico da doença renal crônica geralmente é feito a partir da taxa de filtração glomerular (TFG), calculada por meio do valor da creatinina no sangue, um índice que está diretamente relacionado à função excretora dos rins e/ou a partir da taxa de albumina (uma proteína) na urina.5,6 Com relação aos sintomas, eles aparecem nos estágios mais avançados da doença e os mais comuns são fadiga, aumento da pressão arterial e alterações neurológicas devido ao acúmulo de toxinas.7
A síndrome cardiorrenal
A conexão entre insuficiência cardíaca e doença renal crônica é conhecida como síndrome cardiorrenal, sendo caracterizada por uma relação bidirecional entre o coração e os rins. Ou seja, o mau funcionamento de um órgão pode afetar o desempenho do outro, levando a um ciclo vicioso de deterioração da função cardíaca e renal.8
Como tratar a síndrome cardiorrenal?
Um dos pilares do tratamento da insuficiência cardíaca e da doença renal crônica são as terapias não farmacológicas, que incluem:1
- Perda de peso;
- Dieta adequada;
- Exercícios físicos regulares;
- Monitorização dos sintomas e sinais de piora;
- Acompanhamento com equipe multidisciplinar (nutricionista, fisioterapeuta, psicólogo, educador físico).
Com relação aos medicamentos, eles podem incluir diuréticos, vasodilatadores e outros, devendo sempre ser prescritos por um médico especializado e experiente que avaliará o paciente e definirá as melhores opções para cada pessoa.8
O tratamento da doença renal crônica é baseado principalmente no manejo das causas de base, como a insuficiência cardíaca, pois, ao melhorar o bombeamento do sangue para os rins, pode haver uma melhora também na taxa de filtração glomerular.9 Já nos casos em que os pacientes não obtêm sucesso com o tratamento medicamentoso, pode ser necessário recorrer a métodos alternativos, como a diálise e, em situações mais críticas, o transplante de rim.2
Vale ressaltar que, de acordo com a Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica e Aguda da Sociedade Brasileira de Cardiologia, é recomendado ao paciente com insuficiência cardíaca a vacinação anual contra influenza e pneumococo para evitar fatores agravantes que possam descompensar a doença.1
Para lembrar
- A relação entre a insuficiência cardíaca e a doença renal crônica é complexa e seu manejo terapêutico é um desafio.
- O mau funcionamento dos rins pode afetar o funcionamento do coração e vice-versa, ou seja, uma relação bidirecional.
- A melhor forma de prevenir essas doenças é adotar um estilo de vida saudável.
- Uma vez que as doenças estejam presentes, elas devem ser controladas com medicamentos específicos.
Leia também: Veja outras doenças cardíacas relacionadas à doença renal
Referências:
Comitê Coordenador da Diretriz de Insuficiência Cardíaca. Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica e Aguda. Arq Bras Cardiol. 2018;111(3):436-539. Acesso em 16 de maio de 2024.
REIS, MLCA. Síndrome cardiorrenal [internet]. Arco - Arquivos Centro-Oeste de Cardiologia. N.4. Setembro de 2011. Acesso em 16 de maio de 2024.
Mansur AJ, Issa VS. Avaliação da função renal em pacientes com insuficiência cardíaca. Arq Bras Cardiol. 2021;117(2):392-3. Acesso em 16 de maio de 2024.
- Lico ALC, Freitas L, Cerqueira ALBO, et al. Insuficiência renal crônica como fator de risco para insuficiência cardíaca. RSD Journal. 2021;10(13). Acesso em 16 de maio de 2024.
BRASIL. Ministério da Saúde. Doenças renais crônicas [internet]. Acesso em 16 de maio de 2024.
Sá JR, Canani LH, Rangel EB, et al. Doença renal do diabetes [internet]. In: Diretriz da Sociedade Brasileira de Diabetes - EDIÇÃO 2023. 9 de abril de 2024. Acesso em 24 de junho de 2024.
Fatehi P, Hsu C. Chronic kidney disease (newly identified): clinical presentation and diagnostic approach in adults [internet]. UpToDate. Junho de 2022. Acesso em 16 de maio de 2024.
Kiernan MS, Udelson JE, Sarnak M. Cardiorenal syndrome: prognosis and treatment [internet]. UpToDate. Maio de 2022. Acesso em 16 de maio de 2024.
- Rosenberg Mark. Overview of the management of chronic kidney disease in adults [internet]. UpToDate. Novembro de 022. Acesso em 16 de maio de 2024.
Este material é de natureza informativa e não substitui a avaliação médica individualizada.
PP-UN-CAR-BR-0181-1 JUNHO 2024
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